Uma homenagem póstuma a Gianfrancesco Guarnieri (1934-2006)
Por um momento eu parei meus afazeres, a labuta diária e por vezes maçante, para lembrar um dos maiores autores e atores da história de nossa dramaturgia: o ítalo-brasileiro Gianfrancesco Guarnieri.
Os motivos que me fazem evocar a memória deste grande homem são obviamente ideológicos e políticos. Parte da burguesia letrada nunca cansa de lembrar as célebres conquistas e artimanhas do empreendedorismo de Mauá. A nova burguesia, menos afeita a romantismos, relembra com fervor de Antonio Ermírio de Morais ou de Roberto Marinho. Em suma: o empresariado sabe como afagar seus vultos queridos.
Neste sentido eu pergunto: porque a classe trabalhadora, tão maltratada, não poderia fazer o mesmo por seus heróis?
Antes cabe a ressalva de que não acredito que devamos dar “Adeus ao Proletariado” como solicita André Gorz... Muito menos creio que a geração de valor seja algo a “ser extinto” ou “transubstanciado” como na proposta pós-modernista, travestida de radicalidade, de um Robert Kurz. Na verdade ainda aposto na classe trabalhadora. Ela não desapareceu em minha modestíssima opinião. Passa por uma profunda crise, sem dúvidas, mas....Isto é prosa para um segundo momento. Não agora.
Voltando a linha que guia o argumento deste texto. Os heróis da classe trabalhadora, como diria John Lennon, estão aí para serem lembrados. Que sua efígie não desapareça. Enfim, que ainda possam produzir novos ventos utópicos, inspirar ações civilizatórias, libertárias e revolucionárias.
Guarnieri é um destes nomes.
Eu só posso falar brevemente de uma de suas obras: “Eles não usam black-tie” . O autor, e ator, ex-membro do PCB, descreve de maneira realista a vida de um dirigente sindical e de sua família. Todas as tramas, dos conflitos internos à repressão violenta da polícia e do patronato, as disputas geracionais, os debates em torno do movimento operário...
Eu vi este belo filme quando eu ainda iniciava parte de meus estudos no campo do marxismo. Foi já há quase dez anos, quando ingressei na Universidade Federal Fluminense. Muita coisa passou embaixo da ponte de minha breve história pessoal. Todavia, a marca indelével deste filme sem dúvida alguma ajuda a entender o fascínio que esta classe, o operário, provavelmente irá exercer sobre a minha vida...
Recomendo, com urgência, que seja assistido esse filme. Muito antes de conhecer Lukács, Brecht e Benjamin, Guarnieri já havia me ensinado com altas doses de realismo o que pode ser arte operária, dotada de um inegável conteúdo subversivo no cume da sociedade produtora de mercadorias. Outro comunista italiano, Antonio Gramsci, já havia proposto que intelectual é aquele que organiza a cultura. Guarnieri, em sua vida envolvido de forma inconteste com o teatro político, sem dúvida o fez com louvor!
Por fim... Este dramaturgo e profissional do teatro fez aquilo que muitos de seus antepassados já fizeram. Cabe lembrar que tanto o anarco-sindicalismo como o comunismo foram trazidos da Itália para terras tupiniquins gerando o ódio aos imigrantes na primeira metade do século XX.
Seja pela raiz operária, pela origem comunista ou pela alma internacionalista:
Companheiro Guarnieri: PRESENTE!
George Gomes Coutinho
Mestrando em Políticas Sociais - UENF
Os motivos que me fazem evocar a memória deste grande homem são obviamente ideológicos e políticos. Parte da burguesia letrada nunca cansa de lembrar as célebres conquistas e artimanhas do empreendedorismo de Mauá. A nova burguesia, menos afeita a romantismos, relembra com fervor de Antonio Ermírio de Morais ou de Roberto Marinho. Em suma: o empresariado sabe como afagar seus vultos queridos.
Neste sentido eu pergunto: porque a classe trabalhadora, tão maltratada, não poderia fazer o mesmo por seus heróis?
Antes cabe a ressalva de que não acredito que devamos dar “Adeus ao Proletariado” como solicita André Gorz... Muito menos creio que a geração de valor seja algo a “ser extinto” ou “transubstanciado” como na proposta pós-modernista, travestida de radicalidade, de um Robert Kurz. Na verdade ainda aposto na classe trabalhadora. Ela não desapareceu em minha modestíssima opinião. Passa por uma profunda crise, sem dúvidas, mas....Isto é prosa para um segundo momento. Não agora.
Voltando a linha que guia o argumento deste texto. Os heróis da classe trabalhadora, como diria John Lennon, estão aí para serem lembrados. Que sua efígie não desapareça. Enfim, que ainda possam produzir novos ventos utópicos, inspirar ações civilizatórias, libertárias e revolucionárias.
Guarnieri é um destes nomes.
Eu só posso falar brevemente de uma de suas obras: “Eles não usam black-tie” . O autor, e ator, ex-membro do PCB, descreve de maneira realista a vida de um dirigente sindical e de sua família. Todas as tramas, dos conflitos internos à repressão violenta da polícia e do patronato, as disputas geracionais, os debates em torno do movimento operário...
Eu vi este belo filme quando eu ainda iniciava parte de meus estudos no campo do marxismo. Foi já há quase dez anos, quando ingressei na Universidade Federal Fluminense. Muita coisa passou embaixo da ponte de minha breve história pessoal. Todavia, a marca indelével deste filme sem dúvida alguma ajuda a entender o fascínio que esta classe, o operário, provavelmente irá exercer sobre a minha vida...
Recomendo, com urgência, que seja assistido esse filme. Muito antes de conhecer Lukács, Brecht e Benjamin, Guarnieri já havia me ensinado com altas doses de realismo o que pode ser arte operária, dotada de um inegável conteúdo subversivo no cume da sociedade produtora de mercadorias. Outro comunista italiano, Antonio Gramsci, já havia proposto que intelectual é aquele que organiza a cultura. Guarnieri, em sua vida envolvido de forma inconteste com o teatro político, sem dúvida o fez com louvor!
Por fim... Este dramaturgo e profissional do teatro fez aquilo que muitos de seus antepassados já fizeram. Cabe lembrar que tanto o anarco-sindicalismo como o comunismo foram trazidos da Itália para terras tupiniquins gerando o ódio aos imigrantes na primeira metade do século XX.
Seja pela raiz operária, pela origem comunista ou pela alma internacionalista:
Companheiro Guarnieri: PRESENTE!
George Gomes Coutinho
Mestrando em Políticas Sociais - UENF
0 Comments:
Post a Comment
<< Home